Desde dezembro de 2009 venho acompanhando a série “Nova África”, da TV Brasil. Trata-se de um programa de 26 episódios, idealizado pelo jornalista e blogueiro Luiz Carlos Azenha.
A cada semana é exibido 1 episódio (sextas às 22:00 e reprises segundas às 20:00).
O intuito é mostrar ao telespectador uma nova forma de ver a África, um outro lado que é pouco mostrado nos repetitivos programas do History Channel, Discovery ou National Geographic, em que muito se fala da fauna africana, do folclore e da história do continente sob uma ótica européia, esquecendo-se do mais importante: o povo africano e a sua visão do que é a África.
O programa é de excelente qualidade para uma tv pública. Mais do que informações do desenrolar da história da África do século XXI, o “Nova África” dá espaço para que a voz do africano seja ouvida.
O programa é exibido desde setembro de 2009, mas como dito no início do texto, o acompanho há pouco tempo. Tenho adorado e achado de extrema relevância a pauta de cada programa. O último em especial – exibido em 29/01/10 me surpreendeu de forma bastante positiva.
Na fronteira da República Democrática do Congo, com Ruanda e Uganda, há uma enorme disputa entre os povoados, que, sem alternativa energética (por causa da enorme população e ausência de infra-estrutura para geração de energia), sobrevivem com o carvão. Os congoleses avançam sobre as áreas de preservação ambiental no montanhoso Parque Nacional Virunga (que abrange os 3 países. Duas árvores são derrubadas para produzir um saco de carvão, que é vendido a cerca de R$25,00 e utilizado pelos próprios nativos para uso doméstico.
Essa questão da disputa e comercialização do carvão é uma problemática para os 3 países, por 2 motivos principais:
1) a maior concentração de gorilas das montanhas e da planície que vivem bem próximo aos povoados, nessa região – a Cordilheira do Virunga, têm o seu hábitat ameaçado com o desmatamento das árvores;
2) as milícias que controlam a produção de carvão do Parque Nacional Virunga – em Goma, ainda por cima, cobram uma espécie de “taxa” da população, por cada saco de carvão (+/- $12,00 ou R$25,00).
Porém, felizmente na RDC, foi implantado pelo governo um programa que incentiva a fabricação do briquet – uma fonte artesanal, em vez da utilização do carvão.
Além de ser ecologicamente correto e mais barato, o briquet auxilia na preservação dos gorilas e não faz mal à saúde da população, como o carvão, que causava problemas respiratórios. Outro benefício que o briquet está proporcionando, são os novos empregos que estão sendo gerados (em cada mini fábrica são empregadas 6 pessoas).
Se o meio ambiente continuar a ser preservado, mais turistas irão até o parque, e, desse modo, ainda mais empregos serão gerados.
A boa notícia é que essa inovação do uso do briquet, já é implantada também em outros países mundo afora.
Contento-me em saber que a África segue em um caminho de sustentabilidade.
• Gorilla.cd – The official website of Virunga National Park, DR Congo
http://gorillacd.org/2009/02/19/briquette-production-the-beginning- of-an-alternative-source-of-fuel-around-virunga/ (Making briquettes in Congo)
• Virunga National Park
http://whc.unesco.org/en/list/63
• Programa “Nova África”
http://tvbrasil.ebc.com.br/novaafrica/
2 comments:
Nova Africa que tem co-autoria da brilhante Maria "Frô" Conceição de Oliveira, que é historiadora premiada. E gente da melhor qualidade.
Vou mostrar o seu blog para ela.
Beijo!
"o povo africano e a sua visão do que é a África."
Com esta frase sua eu digo: necessitamos não apenas ver a Mãe África pelos olhos daqueles que são nossos irmãos lá originados e nascidos, mas precisamos dar subsídios da forma mais imparcial possível para que eles mesmos deem rumos certos e verdadeiros ao seu desenvolvimento humano, social, político e cultural.
o continente africano já foi (e lastimavelmente ainda é), demasiado violentado e mutilado pela ambição imperialista das nações européias e norte-americana.
Muito interessante a forma inovadora de produção de energia através do "briquet"!
Bem poderia ser utilizada a mesma técnica em outras localidades, como por exemplo aqui, na Amazônia.
Parabéns, querida!
Mantenha o Fogo aceso dentre de si.
Sempre,
Awmergin
Post a Comment